segunda-feira, 31 de março de 2008

PROGRAMA Nº 4



O quarto programa de Ondas Literárias tem o prazer de apresentar uma entrevista com o poeta mineiro, residente em São Paulo, Donizete Galvão. Donizete nasceu em Borda da Mata no ano de 1955 e até hoje publicou sete livros de poemas. Entre eles, o livro de estréia, Azul Navalha (1988), com o qual recebeu o prêmio APCA de autor revelação e indicação para o prêmio Jabuti; Ruminações (2000); Pelo corpo (2002) - este em parceria com Ronald Polito -; e Mundo mudo (2003).
Nas dicas culturais, confira as sugestões de Claudio Daniel, que já conversou conosco na semana passada.
No quadro sonar, apresentamos dois poemas de Marcelo Montenegro, gravados ao vivo no evento "Outros bárbaros", evento que aconteceu em São Paulo em maio de 2006.

segunda-feira, 24 de março de 2008

PROGRAMAS Nº 2 E 3

PROGRAMA Nº 2


Nosso segundo programa traz uma entrevista com o poeta pernambucano, radicado em Santo André (SP), Fabiano Calixto, que publicou os seguintes livros de poemas: Algum (1998), Fábrica (2000), Um mundo só para cada par (em parceria com Kleber Mantovani e Tarso de Melo, 2001), Música possível (2006) e Sangüínea (Editora 34, 2007). Publicou também o livro de poemas infantis Pão com bife (2007). Organizou, com André Dick,o livro A linha que nunca termina – Pensando Paulo Leminski (Lamparina, 2005) e traduziu poemas de autores como Jim Morrison, Apollinaire, John Lennon e Sylvia Plath.É também um dos editores da revista de poesia Modo de Usar & Co.



Nas dicas culturais, confira as sugestões de Celso Borges, nosso entrevistado da semana passada. E no quadro sonar, apresentamos adaptações dos seguintes poemas: "A canção do vendedor de pipocas", do livro Sangüínea (2007), de Fabiano Calixto; e "Schopenhauer", do livro A sombra do Leopardo (2001), de Claudio Daniel.



PROGRAMA N°3


 Acompanhe em nosso terceiro programa a entrevista com o poeta, tradutor e ensaísta Claudio Daniel. Natural de São Paulo, nasceu em 1962. Publicou diversos livros, dentre os quais, os livros de poemas A sombra do leopardo (2001, vencedor do prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira, oferecido pela revista CULT) e Figuras Metálicas (2005) e o livro de contos Romanceiro de Dona Virgo (2004). Traduziu poemas de autores como o cubano José Kozer e o argentino Reynaldo Jiménez. Organizou as antologias Jardim de Camaleões, A Poesia Neobarroca na América Latina (2004), Ovi-Sungo, Treze Poetas de Angola (2007) e Na Virada do Século, Poesia de Invenção no Brasil (Landy, 2002), em co-autoria com Frederico Barbosa. Na Internet, é editor da ótima revista eletrônica Zunái. Vale a pena conferir os ensaios, poemas e trabalhos plásticos apresentados em cada edição da revista no site http://www.revistazunai.com.br/ .
Nas dicas culturais, confira as sugestões de Fabiano Calixto, nosso entrevistado da semana passada.

No quadro sonar, apresentamos adaptações dos seguintes poemas: "O poço", do livro As faces do Rio (1991), de Donizete Galvão; e "Casino", do livro Rilke Shake (2007), de Angélica Freitas.

O poço

1
O poço não é um buraco com água a céu aberto,
mas cristal líquido, cravado no tijuco cinza.

Cada dia o poço é um e está mudado em outro:
à custa de tanto uso, cada manhã mais novo.

Sempre outra é a dança dos círculos até a borda.
que pouca pedra basta para infinitos movimentos.

A primeira água do poço não serve para o pote.
pois sempre há cisco, insetos ou pele de ferrugem.

Entretanto, o fundo do poço tem belezas de parto:
a mina lança brotos de água e insufla areia fina.

Se à noite chove, o poço turva-se como quem morre.
Não amanhece espelho e sim buraco com água suja.

2
Beber água do poço, direto, sem caneca, exige tento,
pois a concha da mão não basta para quem tem sede.

Um modo elegante de para o poço fazer reverência
é tirar o chapéu e mergulhá-lo,agora mudado em copo.

O suor pode botar gosto de sal na água doce do chapéu,
mas o que refresca a garganta, também a cabeça esfria.

Outro modo, é quando há por perto folhas de inhame.
A água desliza no verde com sua película de prata.

E as gotas, na corda bamba, tais quais aquáticas bailarinas,
bailam tão puras, que a gente sente pena de bebê-las.

Mais um modo, é como o papa deitar-se de corpo inteiro:
a boca beija a água e, do fundo, outro olho nos enxerga.

Enquanto se engole a água, as costelas roçam o chão.
Não se sabe se o pulsar é dela, terra, ou dele, coração.

(Donizete Galvão)




casino
você prefere o cru
ao creme:
boca ostra língua
lago lua lugar
paisagem com pinheiros
ao fundo. você sempre
preferiu o cru
ao écrã, insônia a
barbeiro de sevilha.
paisagem de pinheiros
com abismo
por trás.
você precisa
habitar as elipses
precisa dissecar
o sapo da poesia
- não abole o poço.
salta saltador
o grande salto.
a maresia come
as rodas do carro.
você prefere o cru
nem precisava
ter dito.
(Angélica Freitas)