segunda-feira, 26 de maio de 2008

PROGRAMA Nº 12


Alice Ruiz / Foto: Lucila Wroblewski
Fonte: http://www.aliceruiz.mpbnet.com.br/

Para ouvir, clique aqui. 


Nossa entrevistada no décimo segundo Ondas Literárias é a curitibana Alice Ruiz. A poeta já publicou diversos livros, como Navalhanaliga (1980), Vice versos (1988, que recebeu o prêmio Jabuti de poesia em 89) e Yuuka (2004). Também se dedicou à tradução e à divulgação do haicai em livros como Dez Haiku (1981) e Céu de Outro Lugar (1985). Como letrista, Alice tem parcerias com diversos músicos, como Arnaldo Antunes, Ceumar, Zé Miguel Wisnik e Zeca Baleiro. Em 2005 lançou seu primeiro CD, Paralelas, em parceria com a cantora e compositora Alzira Espíndola.
No quadro das dicas culturais, temos as sugestões da poeta e tradutora Virna Teixeira.

O sonar apresenta a faixa "Ítaca", do CD Polivox, de Rodrigo Garcia Lopes, que irá conversar conosco no próximo programa.

A trilha do programa inclui as faixas "Ladainha" e "Reza em Fá" ,do CD Paralelas, e também trechos das músicas "Socorro" (parceria de Alice Ruiz e Arnaldo Antunes), "Sem receita" (parceria de Alice Ruiz e José Miguel Wisnik) e "Milágrimas" (parceria de Alice Ruiz e Itamar Assumpção).

sexta-feira, 16 de maio de 2008

PROGRAMA Nº 11

ga



A entrevistada de nosso décimo primeiro programa é Virna Teixeira. A poeta e tradutora nasceu em Fortaleza e mora em São Paulo há vários anos, onde trabalha como neurologista. Publicou dois livros pela 7Letras, Visita (2000) e Distância (2005). Colabora com várias revistas de poesia e periódicos. Virna mantém o blogue Papel de Rascunho.


Nas dicas culturais, confira as sugestões de Ademir Assunção.

E no quadro sonar, apresentamos a adaptação sonora de um poema de Ronald Polito, "Bem, nem a sós", do livro Terminal (2006).

A trilha do programa inclui trechos das seguintes músicas: 1)"O outro", poema de Mário de Sá Carneiro musicado por Adriana Calcanhoto, 2) "The story", música de abertura do filme "Um beijo roubado", de Wong Kar-Wai, interpretada por Norah Jones, 3)"Mull of Kintyre", em versão do CD Best of Highlands e 4) "Sheela Na Gig", composta e interpretada por PJ Harvey. O programa também traz trechos de diálogos dos filmes "Trainspotting", de Daddy Boyle, e "8 femmes", de François Ozon.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

PROGRAMA Nº 10


Nosso entrevistado é o poeta, letrista e jornalista Ademir Assunção. Ademir nasceu em Araraquara (SP), em 1961, e se formou em Jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina. Como jornalista, trabalhou em diversos veículos como O Estado de São Paulo, Folha de Londrina e a Folha de São Paulo. Publicou os livros de poesia LSD Nô (1994), Cinemitologias (1998) e Zona Branca (2001), e o livro de prosa A máquina peluda (1997). Tem também várias parcerias musicais, algumas que estão em seu CD Rebelião na Zona Fantasma e é um dos editores da Revista Coyote.

Nas dicas culturais, quem nos dá suas sugestões é o poeta Ronald Polito.

Errata: no quadro sonar do programa 9, anunciamos a música “Fundamental”, mas tocamos a música “Sabiá” (Chico Buarque/Tom Jobim), executada por Paula e Jaques Morelenbaum junto com o músico japonês Ryuichi Sakamoto. Vamos, neste programa sim, ouvir a faixa que é fruto de uma parceria da cantora e compositora Alzira Espíndola com a poeta e letrista Alice Ruiz.

A trilha deste programa conta com as faixas "Nada demais" e "O coisa ruim", do CD Rebelião na Zona Fantasma, de Ademir Assunção, e a música "Tchori tchori", de Marlui Miranda e Uakti.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

PROGRAMA Nº 9



 
Para este programa, entrevistamos Ronald Polito. Ele nasceu em 1961, na cidade mineira de Juiz de Fora. Além de poeta, Ronald é tradutor, editor e historiador, e publicou diversos livros sobre história e política. No Brasil, foi professor na Universidade Federal de Ouro Preto, e, no Japão, lecionou na Universidade de Estudos Estrangeiros de Tóquio. Dentre seus seis livros de poemas, destacam-se Solo (7Letras, 1996), Intervalos (7Letras, 1998) e De passagem (Nanquim Editorial, 2001).

Quem nos dá as dicas culturais é o poeta Paulo Ferraz.

No quadro sonar, a faixa apresentada foi “Sabiá”, composta por Tom e Chico, e interpretada por Ryiuchi Sakamoto, Jaques e Paula Morelembaum.

A trilha sonora do programa traz trechos de músicas de Haruomi Hosono, Ryiuchi Sakamoto, Claude Debussy e Tom Jobim e Chico Buarque.

PROGRAMA Nº 8


 Para ouvir, clique aqui.

Em nosso oitavo programa o entrevistado é o poeta Paulo Ferraz. Ele nasceu no Estado do Mato Grosso em 1974. É bacharel em Direito e mestre em Teoria Literária. Publicou Constatação do óbvio (1999), De novo nada (2007) e Evidências pedestres (2007) pelo selo Sebastião Grifo, que fundou com os poetas Matias Mariani e Pedro Abramovay. Foi também um dos editores da revista Sebastião, pelo mesmo selo e dedicada a fomentar o debate acerca da poesia brasileira contemporânea. Tem poemas publicados nas antologias Paixão por São Paulo - antologia poética paulistana, organizada por Luiz Roberto Guedes (São Paulo: Terceiro Nome, 2004) e Antologia Comentada da Poesia Brasileira do Século 21 (São Paulo: Publifolha, 2006), organizada por Manuel da Costa Pinto.

Nas dicas culturais, quem nos dá suas sugestões é o poeta Ricardo Aleixo.

No quadro sonar, confira o poema "Querência", de João da Cunha Vargas, musicado por Vitor Ramil. O trabalho faz parte de seu CD Longes (2004).
A trilha incidental do programa conta com trechos da música composta por André Abujamra ”O mundo”, interpretada por Ney Matogrosso e Pedro Luís & a Parede.



Querência

Deixei a velha querência
Saí de lá mui novinho
Com tabuleta ao focinho
E a marca já descascada
Ponta da cola aparada
Sinal de laço ao machinho

Por estes campos afora
Deste Rio Grande infinito
De pago em pago ao tranquito
Repontando o meu destino
Do campo grosso pro fino
Fui me criando solito

Angico, Mariano Pinto
Picada onde me criei
Por tudo ali eu andei
Bebendo e jogando a tava
Bem montado sempre andava
Corri carreira e dancei

Cruzei picadas escuras
Prum baile ou jogo de prenda
Derrubei porta de venda
Pra tomá um trago de canha
E esporeei boi na picanha
Em tudo que foi fazenda

O que viesse eu topava
Serviço, festa ou peleia
Cortei muita cara feia
De indiozito retovado
E amancei muito aporreado
Com pé-de-amigo e maneia

Um dia me deu saudades
E eu fui rever o meu pago
Sentir da china o afago
E o vento frio do pampeiro
No coração caborteiro
Do meu peito de índio vago

O tempo passou, lá se foi
E eu não queria que fosse
Tudo pra mim terminou-se
Nem eu sou mais o que era
A estância virou tapera
E o que era xucro amansou-se

E hoje só o que me resta
É o pingo, o laço e o pala
Pistola, só com uma bala
E a estrada pra bater casco
No cano da bota um frasco
E um fiambrezito na mala!


(João da Cunha Vargas)

PROGRAMA Nº 7


Em nosso sétimo programa o entrevistado é o mineiro Ricardo Aleixo. Nascido em Belo Horizonte, no ano de 1960, é poeta, artista visual e sonoro, compositor, performador, ensaísta e professor de Design Sonoro na Universidade Fumec. Publicou, entre outros, os livros Trívio e Máquina Zero. É um dos poetas presentes na antologia Esses poetas – Uma antologia dos anos 90 (Aeroplano, 1998). Como solista ou integrante da Cia. SeráQuê? e do Combo de Artes Afins Bananeira-ciência, já se apresentou na Argentina, na Alemanha, em Portugal, na França e nos EUA. Desde julho de 2007 concentra suas atividades de criação e pesquisa no LIRA (Laboratório Interartes Ricardo Aleixo), onde também oferece oficinas, cursos e aulas particulares nas áreas em que atua. Mantém o blog http://www.jaguadarte.blogspot.com/.

Nas dicas culturais, quem nos dá suas sugestões é o poeta Fabio Weintraub.

O quadro sonar traz esta semana a adaptação sonora - feita por Rafael Agra sobre a leitura de Celso Borges - do poema “de uma crítica publicada num suplemento cultural de domingo”, do livro Evidências Pedestres, de Paulo Ferraz.

A trilha incidental do programa conta com trechos das seguintes músicas: 1)”1 x 0”, de Pixinguinha, 2) "Fio maravilha", de Jorge Bem e 3) Prélude à l’après midi d’un faune, de Claude Debussy.

DE UMA CRÍTICA PUBLICADA NUM SUPLEMENTO CULTURAL DE DOMINGO


I. (o artista : um retrato)

A estréia de J.G.C. aos
32 anos, na quinta-
feira, é a certidão de nasci-
mento de um artista em dia com as
demandas de nosso tempo.
Tendo, nos últimos 12
se dedicado a oficinas,
cursos, viagens e visitas
a exposições, sua obra pôde es-
perar o momento certo
para eclodir, não sofrendo
da habitual ingenuidade
que caracteriza todos
os dublês de Duchamp, pois o
seu domínio sobre o espaço e
sobre a matéria é absoluto,
bem como sua força suges-
tiva, tanto que estimula
sensações inexistentes
em um público pouco ou nada
familiarizado com a
realidade que retrata.


II. (o artista : depoimento)

Estudei dos 20 aos 30
na Europa, tempo de intenso a-
prendizado, mas só conto os
dois anos depois da volta, es-
senciais para a concreção do
meu estilo, pois passei longos
meses nas ruas e favelas,
freqüentei cortiço, abrigo e
bueiro, conheço essa gente
pelos nomes, inclusive
seus cachorros, cheguei mesmo a
me sentir igual a eles.

III (a obra : o conceito)

Foi essa bizarra experiência
que lhe permitiu trazer à
galeria sacos e sacos
de latinhas de alumínio,
pilhas de papelão (os quais o
público pode tocar) e
duas carroças que estão livres
para quem quiser puxá-las.
A cena é um divertimento à
parte: há muito riso, já que
nem sempre os músculos das a-
cademias são aptos para
vencer os quilos de entulho. As
demais obras aprofundam-
se nesse universo excluído:
bancos (camas) de concreto
salpicados de excrementos,
panos puídos pendurados,
secando ao sol (um holofote) --
fachos que atravessam os furos
criam uma trama no espaço
--, cobertores embebidos
em querosene na espera
de um fósforo e, o principal, um
barraco inteiro, legítimo,
no qual entram dez pessoas de
cada vez. Lá: colchões velhos,
recortes tampando as frinchas
das paredes (o olho atento a-
qui diferencia as texturas
de cada, das tantas, tábua),
panelas com restos pelos
cantos e roupas imundas --
tudo bastante insalubre. A
visita não dura mais que
dois minutos, e é tão real que
na estréia alguns vomitaram.
J.G.C esperava o
vômito de quem, como ele,
não sabe o que é o inabitável.

V (nota final)

Os antigos moradores
foram com justiça pagos
pelo barraco e por tudo
que eles tinham, inclusive as
roupas, podendo a família
toda regressar ao mato
do qual os coitados nunca
deviam ter posto o pé fora.
Se você ficou curioso,
mas crê que toda a sujeira
pode te macular, saiba
que os monitores do evento
num átimo providenciam a
completa assepsia de todos
logo que se sai da sala.

(ah, o vinho era de ótima safra)

(Paulo Ferraz)

PROGRAMA Nº 6




O entrevistado de nosso sexto programa é o poeta paulistano Fabio Weintraub. Nascido no ano de 1967, formou-se em Psicologia pela Universidade de São Paulo, onde cursa atualmente o mestrado em Teoria Literária. Publicou três livros de poemas: Sistema de Erros (1996), vencedor do Prêmio Nascente em 1994; Novo Endereço (2002), que recebeu dois prêmios - Cidade de Juiz de Fora e Casa de las Americas; e baque (2007), que foi feito com o apoio de uma bolsa da Secretaria de Cultura de São Paulo. Fabio também atua como crítico literário e editor.
Nas dicas culturais, confira as sugestões de Marcelo Montenegro, que já foi entrevistado em nosso programa.

No quadro sonar, apresentamos os seguintes trabalhos: uma adaptação sonora do poema "paizinho", do livro inédito Mateus, de Priscila Figueiredo; e um audiopoema de Ricardo Aleixo.

A trilha incidental do programa conta com trechos das seguintes músicas: 1) "Seguimi", de Cesare Picco; 2) "o buraco do espelho", de Arnaldo Antunes; e 3) "Castle Dance ", de Cesare Picco.

Paizinho
Paizinho
se aconchegue a mim
não pensemos no passado
no mundo passado
Você é minha criança
também senti a torpeza lá fora
também corri ao abrigo
...
Você tem esta ferida?
E esta outra aqui?
Pare de lutar
sua cabeça está branca
Há um mercado aqui perto
onde se compra barato
Largue o corpo --
o que você disser
eu também direi
(Priscila Figueiredo)

PROGRAMA Nº 5



Em nosso quinto programa, confira a entrevista com Marcelo Montenegro. Ele é natural de São Caetano do Sul, e nasceu em 1971. Publicou o livro de poemas Orfanato Portátil (Atrito Art Editorial, 2003) e, ao lado dos músicos Marcelo Schevano, Flavio Vajman, Marcello Amalfi e Fábio Brum, criou o espetáculo “Tranqueiras Líricas”. Em 2006 integrou o “A(u)tores em Cena”, do Itaú Cultural, com escritores contemporâneos sendo dirigidos por diretores de teatro. É roteirista, editor de vídeo e membro do grupo de teatro Cemitério de Automóveis, no qual opera luz e sonoplastia.


Nas dicas culturais, confira as sugestões de Donizete Galvão, nosso entrevistado da semana passada.


No quadro sonar, apresentamos dois poemas: o primeiro deles é “A árvore no sonho”, trabalho inédito do poeta e editor Francisco dos Santos. O segundo deles, é “Gerenciamento anti-stress”, do livro Novo endereço (2002), de Fabio Weintraub.


A trilha incidental do programa conta com trechos das seguintes músicas: 1) "Próxima encarnação", de Itamar Assumpção e Naná Vasconcelos; 2) ""Filho de Santa Maria", de Itamar Assumpção e Paulo Leminski; e 3) "Quando ", de Roberto Carlos.


a árvore no sonho


a árvore no sonho
dentro dele as coisas que entram pelo olho misturam-se às coisas amorfas
sua mãe vem em sua direção e nunca acaba de chegar
retira da árvore um filhote gordo, branco, contempla-o em sua desgraça de pássaro
depois volta-o as ramas rendadas de escamas
sua mãe vem em sua direção e nunca acaba de chegar, ela tem dois rostos e se debate
entre as ramas uma cobra se move lentamente, como ferrugem, como olhos carcomidos
sai de sua boca um navio, todos os mastros quebrados
(Francisco dos Santos)


Gerenciamento Anti-Stress


Imagine um córrego
Há pássaros cantando
e o vento fresco da montanha
no céu de um azul limpíssimo
Aqui nada pode aborrecê-lo
Ninguém alcança esse lugar secreto
sem passagem para o mundo
A queda d'água
enche o ar de sons gentis
A água é transparência absoluta
Agora, sim, pode-se ver o rosto
daquele cuja cabeça
você comprime sob a água
(Fabio Weintraub)