segunda-feira, 24 de março de 2008

PROGRAMAS Nº 2 E 3

PROGRAMA Nº 2


Nosso segundo programa traz uma entrevista com o poeta pernambucano, radicado em Santo André (SP), Fabiano Calixto, que publicou os seguintes livros de poemas: Algum (1998), Fábrica (2000), Um mundo só para cada par (em parceria com Kleber Mantovani e Tarso de Melo, 2001), Música possível (2006) e Sangüínea (Editora 34, 2007). Publicou também o livro de poemas infantis Pão com bife (2007). Organizou, com André Dick,o livro A linha que nunca termina – Pensando Paulo Leminski (Lamparina, 2005) e traduziu poemas de autores como Jim Morrison, Apollinaire, John Lennon e Sylvia Plath.É também um dos editores da revista de poesia Modo de Usar & Co.



Nas dicas culturais, confira as sugestões de Celso Borges, nosso entrevistado da semana passada. E no quadro sonar, apresentamos adaptações dos seguintes poemas: "A canção do vendedor de pipocas", do livro Sangüínea (2007), de Fabiano Calixto; e "Schopenhauer", do livro A sombra do Leopardo (2001), de Claudio Daniel.



PROGRAMA N°3


 Acompanhe em nosso terceiro programa a entrevista com o poeta, tradutor e ensaísta Claudio Daniel. Natural de São Paulo, nasceu em 1962. Publicou diversos livros, dentre os quais, os livros de poemas A sombra do leopardo (2001, vencedor do prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira, oferecido pela revista CULT) e Figuras Metálicas (2005) e o livro de contos Romanceiro de Dona Virgo (2004). Traduziu poemas de autores como o cubano José Kozer e o argentino Reynaldo Jiménez. Organizou as antologias Jardim de Camaleões, A Poesia Neobarroca na América Latina (2004), Ovi-Sungo, Treze Poetas de Angola (2007) e Na Virada do Século, Poesia de Invenção no Brasil (Landy, 2002), em co-autoria com Frederico Barbosa. Na Internet, é editor da ótima revista eletrônica Zunái. Vale a pena conferir os ensaios, poemas e trabalhos plásticos apresentados em cada edição da revista no site http://www.revistazunai.com.br/ .
Nas dicas culturais, confira as sugestões de Fabiano Calixto, nosso entrevistado da semana passada.

No quadro sonar, apresentamos adaptações dos seguintes poemas: "O poço", do livro As faces do Rio (1991), de Donizete Galvão; e "Casino", do livro Rilke Shake (2007), de Angélica Freitas.

O poço

1
O poço não é um buraco com água a céu aberto,
mas cristal líquido, cravado no tijuco cinza.

Cada dia o poço é um e está mudado em outro:
à custa de tanto uso, cada manhã mais novo.

Sempre outra é a dança dos círculos até a borda.
que pouca pedra basta para infinitos movimentos.

A primeira água do poço não serve para o pote.
pois sempre há cisco, insetos ou pele de ferrugem.

Entretanto, o fundo do poço tem belezas de parto:
a mina lança brotos de água e insufla areia fina.

Se à noite chove, o poço turva-se como quem morre.
Não amanhece espelho e sim buraco com água suja.

2
Beber água do poço, direto, sem caneca, exige tento,
pois a concha da mão não basta para quem tem sede.

Um modo elegante de para o poço fazer reverência
é tirar o chapéu e mergulhá-lo,agora mudado em copo.

O suor pode botar gosto de sal na água doce do chapéu,
mas o que refresca a garganta, também a cabeça esfria.

Outro modo, é quando há por perto folhas de inhame.
A água desliza no verde com sua película de prata.

E as gotas, na corda bamba, tais quais aquáticas bailarinas,
bailam tão puras, que a gente sente pena de bebê-las.

Mais um modo, é como o papa deitar-se de corpo inteiro:
a boca beija a água e, do fundo, outro olho nos enxerga.

Enquanto se engole a água, as costelas roçam o chão.
Não se sabe se o pulsar é dela, terra, ou dele, coração.

(Donizete Galvão)




casino
você prefere o cru
ao creme:
boca ostra língua
lago lua lugar
paisagem com pinheiros
ao fundo. você sempre
preferiu o cru
ao écrã, insônia a
barbeiro de sevilha.
paisagem de pinheiros
com abismo
por trás.
você precisa
habitar as elipses
precisa dissecar
o sapo da poesia
- não abole o poço.
salta saltador
o grande salto.
a maresia come
as rodas do carro.
você prefere o cru
nem precisava
ter dito.
(Angélica Freitas)




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